Eu nem sei por onde começar. Hoje completo 22 primaveras e ainda me pergunto por que as pessoas chamam assim. Sendo que também vivi todas as outras estações do ano 22 vezes. Lembro de ter pesquisado sobre isso umas duas ou três vezes. Mas, no auge das minhas 22 primaveras, eu nem consigo lembrar da resposta. Hoje completo 22 anos e vivi tantas coisas pelas quais planejei (ou não) passar, que nem sei por onde começar.
Minha irmã de coração me ensinou, no ano passado, a calcular a nossa numerologia pessoal. É, basicamente, um ciclo de nove anos e com esse cálculo você descobre em que ano está. Cada ano tem um significado e uma missão diferente na sua vida. E a virada de um ano para outro acontece no dia do seu aniversário. Eu não sou muito fã de aniversários. Todo ano me frusto de uma maneira diferente e me tranco no quarto cabisbaixa. Mas não hoje. De acordo com a tal numerologia pessoal, hoje começo o ano 1. Um novo ciclo. E, de fato, não faço ideia do que me espera pela frente. Então, quis começar diferente. Saltei da cama cedo e passei o dia inteiro em uma cachoeira com a família. Que deve chegar daqui a pouco para cantar parabéns e comer bolo. Esse novo ciclo é a minha chance de recomeçar diferente.
Durante o ano passado todos os aprendizados que tive durante a vida, e talvez nunca tenha reparado neles de fato até então, me acertaram. Com força. Me senti soterrada por uma avalanche de aprendizados e me sinto uns 5 anos mais velha. Foi um ano em que desejei muita coisa que não aconteceu. E que simplesmente acabaram com o meu humor por dias. Mas, também foi o ano em que realizei muitos sonhos antigos, que estavam no papel há anos. Há tanto tempo, que nem imaginava que eles iriam sair dali em algum momento. Já comentei um pouquinho sobre isso em outros posts por aqui. Aprendi que empatia é a palavra mais bonita do mundo. O poder de se colocar no lugar do outro é único e pode transformar o mundo.
Aprendi que não adianta esperar ter tempo para fazer acontecer. O Ré Menor é prova clara. São quase seis anos de blog, mas só são seis meses de postagens constantes. Eu passei anos dizendo que depois do vestibular eu ia me dedicar ao blog. Depois das provas da faculdade. Depois que o estágio acabasse. Depois do TCC. Depois. Depois. Depois. Um dia eu acordei e pensei: “Eu trabalho 9 horas diárias e talvez isso nunca mais mude. Então, se eu quiser ter o Ré, vai ser agora ou nunca”. Não espere ter tempo. Crie tempo para fazer coisas que você ama. Isso te ajuda a sobreviver em todas as coisas que você detesta, mas precisa fazer. O Ré também me ensinou a não querer segurar o mundo com as mãos. A dividir as tarefas, mas já falei disso em outro post aqui.
Meu pai sempre disse “tudo tem sua hora”. E essa foi a maior lição do ano passado. Mesmo que eu tenha ouvido o meu pai falando mil vezes a mesma coisa. Ano passado eu encarei de frente esse aprendizado. Sabe, a gente pode passar anos desejando as coisas. Planejando os mínimos detalhes. Só que sempre nos esquecemos que, na verdade, tudo tem a hora certa para acontecer. As vezes a gente não tem estrutura para vivenciar o que queremos. Sem contar que raramente vai ser do jeito que planejamos. Mas, quando a hora certa chega, as coisas acontecem. E aí aprendemos com elas.
O meu maior agradecimento por esses 22 anos é, com certeza, pelos pais maravilhosos que tenho. Parecem ter sido escolhidos a dedo. E eu não poderia amá-los mais. E, por fim, meu último aprendizado a ser compartilhado tem relação com eles. Vivemos ouvindo que os nossos pais não são eternos. Realmente. Eles não vão estar aqui o tempo todo para nos dar o suporte que precisamos. Mas, contrariando o que dizem por aí, talvez eles sejam meio eternos sim. A gente nunca perde a vontade de encher eles de orgulho. A gente nunca deixa de ouvir as vozes deles. Os conselhos. E, infelizmente, eu aprendi isso cedo demais.
Não sei se escrevi tudo isso para guardar de lembrança. Se escrevi para desabafar. Acho que quis compartilhar com você um pouquinho desses aprendizados. Talvez eu esteja transformando isso aqui em um diário. Enfim, que venham mais 22 primaveras. Mais ciclos de 9 anos. Mais momentos dos quais eu não vou fazer ideia do que esperar. Que venham mais momentos felizes ao lado da minha mãe e dos meus amigos. Mais viagens e mais sonhos realizados. E que você sempre esteja aqui. Obrigada por ler. Você fez minhas 22 primaveras muito mais feliz!
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.Trecho do poema “Razão de Ser” – Paulo Leminski
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