Letrux: bruxaria musical

“Uma louca, uma feiticeira, ela é demais”. Parafraseando a famosa música da Rick & Renner, esse trecho descreve perfeitamente Letrux. É pop? Ou indie? Talvez rock? Não sei. Diria que é experimental. Com certeza, Letícia Novaes, mais conhecida como Letrux, é uma das cantoras mais originais da cena brasileira. Atualmente é a nova favorita de quem busca algo diferente, mas não totalmente underground. Inclusive, é uma das atrações nacionais do Lollapalooza deste ano.

O show parece um ritual que evoca as entidades sagradas antigas femininas com pitadas de astrologia. Ela enfeitiça a plateia de forma performática e envolvente. Dificilmente alguém não se deixa levar pelo clima excêntrico do show, que é bem gostoso. De maneira alguma a aura  é pesada ou deprimente.

Pura feitiçaria

As cores do álbum “Noite de Climão” são chamativas: vermelho e preto. O figurino dela e da banda nos shows têm as mesmas cores. E obviamente Letrux não anda só. Há uma participação de peso na faixa Puro Disfarce: Marina Lima, famosa pela voz marcante, complementa a música de maneira harmônica com Letrux. Tem canções para todos os momentos: dançante, melancólica, sensual ou romântica. Não é um romance idealizado, como por exemplo, um filme da Sessão da Tarde. É real e mesmo assim, transcendental. Ela joga com as artes de maneira divertida e imprevisível. Os clipes parecem obras abstratas de algum museu em voga, como “Amorium“, ou uma vanguarda literária.  Dessa maneira, subjetividade e objetividade caminham juntas de maneira surpreendente.

De vez em em quando gosto de compará-la com Rita Lee, uma das claras influências musicais, na época d’Os Mutantes, que também tinha um visual forte para os anos 60 juntamente com o jeito místico e rebelde. Mas a voz e as músicas são bem diferentes da ovelha negra do rock brasileiro. Mas não é ruim. Pelo contrário, é refrescante. Certamente ela mexe demais com quem ouve. Mexeu demais comigo, pelo menos. E eu nem sou marinheira…