Semana passada, apareceu uma publicação na minha timeline, da página “Guardei no armário“. Nessa postagem, o Samuel divulgou um site chamado MMPB: Música Machista Popular Brasileira. Só o nome do projeto já me conquistou de cara e eu corri para conhecê-lo. Primeiramente, preciso deixar claro que esse não era o post programado para hoje. Mas, como se trata de um projeto incrível e necessário, precisei falar sobre ele com urgência.
Não é de hoje que vemos algumas letras de músicas brasileiras caindo no filtro de machismo, né? Letras como “Surubinha de leve”, que falam sobre violência contra mulher de maneira clara. Porém, não é só no funk que encontramos músicas como essa. Inclusive, tem uma música de sertanejo que também repercutiu uns tempos atrás. “Ciumento eu?” é um retrato clássico de relacionamentos abusivos. No fundo, sabemos que algumas (bem mais do que gostaríamos) músicas brasileiras, independente do gênero musical, são um retrato da população machista do país. É exatamente por isso que debater essas letras é tão importante. O MMPB foi criado pelas publicitárias: Lilian Oliveira, Natália Ehl, Rossiane Antunez e Carolina Tod. No projeto, elas debatem músicas machistas escrachadas ou enrustidas. Cantadas por homens e mulheres, de todos os gêneros musicais. Como elas mesmas disseram na descrição oficial do MMPB, a “intenção é uma só: provocar reflexão”.
Quando você acessa o site e “dá um shuffle”, o projeto te direciona aleatoriamente para uma música que apresenta teor machista. Lá você encontra trechos da letra destacados, um vídeo da canção, o porque da letra ser problemática e alguns links incríveis para complementar o contexto abordado. Abaixo vamos destacar alguns trechos da música e o porque delas serem machistas, como descrito no site. Caso queira conferir a música diretamente no MMPB, basta clicar no nome dela. Confiram as análises feitas por elas e passem muitas horas dando shuffle, ok?!
Ciumento eu?
Porque a letra é problemática:
“Taí uma canção BEM machista. O cara começa tentando justificar seu ciúme absurdo dizendo que na verdade “excesso de cuidado” – isso é muito doente. Daí tudo fica pior: o cara se entrega dizendo que já botou câmera no quarto, gravador de som no carro, e que vai invadir o celular da “amada”. Segue os lamúrios dizendo que isso tudo é POR AMOR. Apenas PAREM de romantizar comportamentos abusivos! Não dá mais”.
Por causa de você
Porque a letra é problemática:
É pra chorar com certeza. Kelly Key retratou em uma música como é triste viver um relacionamento abusivo. Por causa do boy lixo deixou de usar batom, shorts curtos, perdeu a liberdade, etc, etc etc. É sempre importante lembrar: relacionamento abusivo não é só sobre agressão física.
Me lambe
Porque a letra é problemática:
A erotização das “novinha” não é exclusiva do funk. Ela vem de muito tempo, e já foi retratada em música de todos os ritmos possíveis. Nossa sociedade adultiza crianças e hiperssexualiza meninas. Não é a toa que “teen” seja um dos termos de busca mais procurados em sites pornôs.
Beijinho no ombro
Porque a letra é problemática:
“Ô, Valesquinha. Essa música fez tanto sucesso, mas infelizmente incita a competição feminina do pior jeito possível. Faz parecer que toda mulher coleciona uma lista gigante de inimigas, além de soar impossível comemorar vitórias com outras mulheres: Faz parecer que se uma tá ganhando, a outra tem que perder (e vamos combinar que super dá para as duas ganharem juntas, né?). “Late mais alto”, “piriguete”, todas as ofensas esbarraram em xingamentos essencialmente machistas, que denigrem as mulheres sempre pelo lado sexual da coisa”.
Meu anjo
Porque a letra é problemática:
“O alarme do relacionamento abusivo tá apitando. O cara é tão obcecado que vai tentar de TODOS OS JEITOS fazer com que ela fique com ele. Se ela se esconder, ele vai achar. Serão inúteis todas as tentativas de se libertar dele. Esquisitão, não?”
Gostou? Então, não esquece de ir conferir as outras músicas no site e curtir a fan page do projeto!
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