Autora: Cynthia Hand;
Editora: Darkside;
Páginas: 352;
Sinopse: O Último Adeus é narrado em primeira pessoa por Lex, uma garota de 18 anos que começa a escrever um diário a pedido do seu terapeuta, como forma de conseguir expressar seus sentimentos retraídos. Há apenas sete semanas, Tyler, seu irmão mais novo, cometeu suicídio, e ela não consegue mais se lembrar de como é se sentir feliz. O divórcio dos seus pais, as provas para entrar na universidade, os gastos com seu carro velho. Ter que lidar com a rotina mergulhada numa apatia profunda é um desafio diário que ela não tem como evitar. E no meio desse vazio, Lex e sua mãe começam a sentir a presença do irmão. Fantasma, loucura ou apenas a saudade falando alto?
Eis uma das grandes questões desse livro apaixonante. O Último Adeus é sobre o que vem depois da morte, quando todo mundo parece estar seguindo adiante com sua própria vida, menos você. Lex busca uma forma de lidar com seus sentimentos e tem apenas nós, leitores, como amigos e confidentes. (Skoob)
Primeiro: aviso importante!
Antes de qualquer coisa, tome cuidado ao ler esse livro. Ele tem uma série de gatilhos para suicídio, depressão, ansiedade e afins. Tem gatilhos para quem perdeu pessoas que se suicidaram (apesar de o livro ser bem centrado nesse público e ter uma mensagem importante para essas pessoas também). Ou para quem já precisou lidar com a morte em algum momento da vida. Além de ter um impacto forte até em quem não tem problemas com esses assuntos. Cuidado ao decidir ler, beleza?
Nunca mais o verei.
Pensar nisso traz de volta o buraco em meu peito. Isso não para de acontecer, acontece a cada poucos dias desde o enterro.
Bom! Agora que o aviso foi dado, vamos ao livro. O último adeus chama atenção pela simplicidade da capa. Com o aspecto de post-its, não demora até atrair o nosso olhar. Como qualquer coisa impressa pela Darkside, já da para esperar que a parte interna seja tão maravilhosa quanto. E, de fato, é! O livro é todo em azul, como se tivesse sido escrito com caneta bic mesmo. Sem contar que é cheio de rabiscos e a gente se sente realmente dentro do diário de alguém. Tendo em vista que a trama inicia do ponto que o terapeuta de Lexi pede que ela comece a escrever para tentar descarregar o peso do falecimento do irmão, já é de se esperar que seja um livro denso. Ao mesmo tempo que ela conta algumas coisas que estão rolando ali na hora, também tem ela escrevendo no diário.
Porque Ty está morto.
Ele se foi. E não vai voltar.
Sempre buscando lembrar das primeiras e últimas vezes com o irmão. Tipo, a primeira e a última vez que se falaram e coisas assim. O último adeus é lindo de muitas formas. Muito profundo e tenso. A gente fica bem agoniado enquanto lê e a trama tem até um ritmo lento no inicio. Por que a personagem principal está muito angustiada, a mãe está muito angustiada e a gente fica naquela agonia de tentar montar um quebra-cabeça que tem 300 peças faltando. Inclusive, vale ressaltar que ela precisa escrever no diário como se fosse enviar para alguém. Ou seja, precisa ter um destinatário em mente. Mas, como ela não define ninguém específico, a gente se sente numa união entre Os 13 porquês e As vantagens de ser invisível. Claro, fazendo um comparativo bem bobo aqui, viu? É só para você ter uma noção do tipo de conteúdo que vai encontrar.
Precisei respirar fundo muitas vezes e me emocionei outras tantas. É um retrato bem fiel de como é lidar com o luto. Mesmo que a pessoa que você ame não tenha se suicidado, a gente sente muita coisa nesse período. E a trama retrata bem isso. Mesmo que foque bastante nos familiares e amigos de quem se suicidou. Apesar de ter o ponto de partida a terapia que Lexi frequenta, O último adeus não foca nisso em específico. Foca no processo da personagem curar as feridas que a morte do irmão deixou. Também tem um fundinho espiritual na história. Então, meio que se você não acredita nessas coisas não vai fazer muita diferença para você. Mas, como eu acredito muito, me tocou de um modo mais especial.
Outro ponto que vale ressaltar é: o livro não é verídico, ok? O irmão da autora se matou em 1999, mas não se trata de um auto-retrato. Claro que deve ter sido absurdamente complicado reabrir todas essas feridas, por que não é o tipo de coisa que cicatriza rápido. Mas, ela fez isso, provavelmente, com o intuito de ajudar tantas outras pessoas que passaram pelo mesmo que ela. O último adeus é envolvente e muito útil para a sociedade. Ele não romantiza o suícidio, pelo contrário. Portanto, pode ser um ponta pé inicial para sabermos como falar sobre esse assunto com responsabilidade. A fim de evitar novos suícidios e não propagar ainda mais a prática. Recomendo muito, mas se você não tiver nenhum problema com os gatilhos que eu avisei aí em cima, beleza? Nenhum entretenimento vale seu bem-estar. Na verdade, nada é mais importante que o seu bem-estar e é importantíssimo destacar isso.
Ps: desculpa a quantia de fotos nesse post, mas eu não sei lidar com a perfeição das edições da Darkside.
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