Confesso que desde que começou a pandemia, estou nostálgica ouvindo músicas da minha adolescência ou de shows que foram incríveis. Sim, ainda sou jovem, mas estou na metade do caminho dos 20 até os 30 anos. Até comentei isso na live que fiz com a cantora GEO pelo Jornal 140. E aí notei como me segurava para não gostar de muita coisa que eu secretamente gostava para não ser encarada como boba.
Quem me lê aqui sabe que gosto bastante de black music, seja antiga ou moderna. Por isso, a recomendação de hoje é a cantora e compositora norte-americana KIRBY. Por enquanto, ela só tem um álbum, lançado neste ano, “Sis.”. Não confunda ter só um álbum com inexperiência: KIRBY já colaborou compondo com artistas como Ariana Grande, Beyoncé e Demi Lovato.
Estou completamente viciada no álbum “What’s Your Pleasure?”, da britânica Jessie Ware. Até escrevi sobre ela para o Jornal 140, você pode conferir clicando aqui. Então, neste post explicarei porque ela não sai dos meus ouvidos.
Sim, sei que já abordei diversidade na produção de conteúdo nesta coluna. Este é um assunto que não sai da pauta das redes sociais e da grande mídia por ser extremamente necessário e atual. Por isso, continuarei escrevendo sobre até deixar de ser indispensável. Após os protestos no mundo inteiro sobre #VidasNegrasImportam, tradução de #BlackLivesMatter, os holofotes se voltaram para as pautas raciais. As pessoas consumiram ativamente (ou fingiram) conteúdos de pessoas negras nas redes sociais por uma semana. Mas e depois? O que realmente ficou?
Hoje, tenho 25 anos e sou bissexual assumida. Meus pais me apoiam e sabem, amigos também. Vivo como bem entendo. Porém, fui uma adolescente enrustida, que vivia escondida no armário e não agia como queria. Isso tinha vários motivos: eu fazia parte de uma religião fundamentalista cristã e não entendia completamente minha bissexualidade. Uma das minhas primeiras referências lésbicas foi a personagem Santana Lopez, a líder de torcida latina de Glee, interpretada por Naya Rivera, que infelizmente, faleceu nesta semana por causa de um afogamento acidental no Lago Piru, na Califórnia. Então este texto será uma pequena homenagem e um relato de como foi minha relação com a personagem.
Apesar de gostar muito de algumas bandas de rock, não me considero roqueira. Ouço muito mais outros gêneros musicais. Mesmo assim, minha banda favorita é Queen. Tenho algumas blusas da banda e do Freddie Mercury e sempre uso por aí. Sempre que alguém me vê com camiseta com o brasão da banda, há duas reações comuns: falam a música favorita ou começam a se justificar por gostar da banda. Mas por qual motivo homens cis héteros precisam se justificar pra curtir o som de uma das melhores bandas de todos os tempos?
Quem me segue no Twitter, já notou que gosto de fazer correntes do tipo ”poste 4 fotos de álbuns que curte”. Numa dessas brincadeiras, fiz uma sobre ”comfort album”, ou seja, álbuns preferidos para ouvir quando precisa de um alívio ou conforto. Meus álbuns costumam variar um pouco conforme os anos passam. Geralmente sempre há um do Queen, Bowie e Nina Simone. Atualmente, qualquer álbum do Franz Ferdinand entra nessa lista. Agora que estamos de quarentena, sempre lembro o quão incrível foi o show da banda. Fazia 15 graus em São Paulo e saí pingando de suor de tanto pular e gritar. Alex Kapranos sabe dominar muito bem uma plateia.
Desde o assassinato do norte-americano George Floyd, tem rolado vários protestos em Minnesota, nos Estados Unidos, contra o racismo institucionalizado nas forças policiais. A hashtag #BlackLivesMatter, ou em português, #VidasNegrasImportam, dominaram as redes sociais. As manifestações também vieram para cá, já que infelizmente, a polícia daqui é tão racista quanto. João Pedro, um adolescente de 14 anos do Rio de Janeiro, foi morto a tiros pela polícia enquanto cumpria isolamento social domiciliar recomendado por causa do corona vírus. Para o Estado norte-americano e brasileiro, vidas negras não são importantes.
Já ouviu ou leu alguma frase para parar de associar músicas com sentimentos e lembranças afetivas, principalmente amorosas, para não “estragar” a experiência de ouvir? Besteira. É bem estúpido. Acho que todo mundo já teve uma love song (ou crush song). Geralmente é uma música romântica ou safada. E aí o relacionamento acaba e a música continua. Muita gente quer se livrar de tudo desesperadamente: presentes, posts nas redes sociais e até das recordações boas.