Lembra que você costumava brincar que viveu 50 anos da vida, fez muitas coisas, para no fim ficar conhecido como “o pai da Êrica”? Você fez muitas coisas mesmo. Teve mais 4 filhos além de mim. Mais 2 esposas além da mamãe. Viajou por tantos lugares, conheceu tantas coisas. Se aventurou tantas vezes, que as coisas do cotidiano não conseguiam te prender facilmente. Até chegar ao fim de uma faculdade foi uma luta, né? Pelo simples fato de que rotina te entediava mais do que entedia a maioria das pessoas. Você foi economista, você morou na Nigéria por um ano, você levou asfalto para vários lugares. Incluindo a Bolívia. Mas, no fim, você decidiu ser o pai da Êrica com todo o amor que tinha em ti.
Pois bem, pai. Aqui quem te escreve é a Êrica, com todo o amor que tenho em mim. Andei pensando sobre tudo que tem acontecido na minha vida. Os altos e baixos, as alegrias e tristezas. Os medos e as vontades repentinas de largar tudo para o alto e sair pelo mundo vivendo um dia de cada vez. As certezas de quem só quer escrever muitas histórias de amor e criar coisas lindas para se orgulhar hoje e sempre de tudo que faz. Pois é, pai da Êrica, aqui quem lhe escreve sou eu. Pensando sobre todas essas coisas, tive a certeza de que tudo o que fiz e faço, é sempre com o objetivo de que esse título “pai da Êrica”, te seja motivo de orgulho aonde quer que você esteja.
Pois eu não sou nada sem o pai da Êrica
Mas, pai, verdade seja dita, eu não seria tão motivo de orgulho se não tivesse a sorte de ser filha de quem sou. E, com isso, digo sobre você e sobre a mamãe. Se não fosse a forma que você lia histórias para mim, talvez minha imaginação não fosse tão presente. Se não fossem todas as histórias de como você viu coisas pelo mundo, talvez eu não tivesse tanta vontade de jogar minhas coisas numa mochila e sair por aí, percorrendo os mesmos passos. Se não fossem todos os gibis e livros que você me deu, talvez eu não me sentisse tão acolhida ao abrir um livro. Se você não tivesse escolhido a mãe certa, talvez eu não fosse tão determinada em terminar as coisas que começo. Por que, francamente pai, o senhor era péssimo nisso.
Querido pai da Êrica, aqui quem lhe escreve sou eu. Com todo o amor que tenho em mim. E nem quero mencionar a saudade, por que ela ocuparia mais espaço do que deve e nos faria ficar presos nesse pequeno recado por muito tempo. Mas, pai, você sabe que ela dói aqui tanto quanto dói aí. Nós dois sabemos que saudade é dor que dói nos dois planos. Só que eu estou aqui, seguindo com o objetivo de te deixar cada vez mais orgulhoso do título que recebeu no dia em que eu nasci. Além, é claro, de torcer para que você aprenda a ser menos turrão aí onde está.
Ps: o senhor vai ser bisavô em breve. Pois é, pai, você tá velho mesmo. Sou apaixonada por você. Se cuida e juízo.
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