Desde o assassinato do norte-americano George Floyd, tem rolado vários protestos em Minnesota, nos Estados Unidos, contra o racismo institucionalizado nas forças policiais. A hashtag #BlackLivesMatter, ou em português, #VidasNegrasImportam, dominaram as redes sociais. As manifestações também vieram para cá, já que infelizmente, a polícia daqui é tão racista quanto. João Pedro, um adolescente de 14 anos do Rio de Janeiro, foi morto a tiros pela polícia enquanto cumpria isolamento social domiciliar recomendado por causa do corona vírus. Para o Estado norte-americano e brasileiro, vidas negras não são importantes.
Sim, eu sei que esta coluna é sobre música e arte. Mas não posso ignorar o fato de boa parte dos gêneros musicais que temos hoje vieram dos negros. Deveria ser impossível ser racista e roqueiro, por exemplo. Ou curtir jazz e falar que é apolítico. Quer uma dica? Ninguém é realmente apolítico. NINGUÉM. Não se posicionar é uma posição política extremamente forte e simbólica. Ignorar o sofrimento e morte alheia é indício de quem você é por dentro. Vidas negras não deveriam passar por isso.
Não posso usar o fato de que sou branca para não falar sobre racismo. Diretamente, eu me aproveito dessa sociedade estruturalmente racista. Nunca levei enquadro em rolê, mesmo que algum conhecido estivesse com cigarrinho suspeito. Não sou revistada com truculência em estádios. Ninguém me inferiorizou intelectualmente pelo fato de ser branca. Pessoas brancas devem discutir e se opor de forma ferrenha contra toda essa merda. Quem não é grupo de risco do COVID-19 e estiver com condições boas de saúde pode ir presencialmente aos protestos nas capitais. Nós temos uma vantagem social que deve ser aproveitada e posta à prova.
Aviso importante
Caso você discorde de mim, ache que os protestos são desnecessários e que toda essa revolta é banal: por favor, deixe de ler meus conteúdos na internet. Não preciso de leitores racistas e covardes. Vidas negras importam. Cultura negra importa. Racistas e fascistas não importam.
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